Paphiopedilum
Na Ásia, sua terra natal, essa orquídea vive no solo rico em húmus das florestas tropicais e em uma atmosfera muito úmida. Nesse ambiente favorável, não precisa de pseudobulbos, aqueles órgãos de reserva presentes em muitas orquídeas. Portanto, é muito sensível às condições de cultivo, sobretudo ao clima seco.
O paphiopedilum é também chamado de "sapatinho".
Espécies e variedades
Os paphiopedilums dividem-se em três categorias que se distinguem facilmente por suas características físicas:
• os paphiopedilums complexos, de flor grande, geralmente única, com haste e folhagem em verde monocromático muitas vezes lustroso;
• os paphiopedilums malhados, com folhas em diferentes nuances de verde e uma única flor na haste que forma um oval;
• os paphiopedilums multiflorais, nos quais abrem, sucessivamente na mesma haste, várias flores de desenhos surpreendentes.
Tipo de crescimento: simpodial sem pseudobulbos.
Temperaturas ideais: paphiopedilums complexos: 15° C a 20° C de dia, 10° C a 15° C à noite; paphiopedilums malhados e multiflorais: 18° C a 27° C de dia, 16° C a 21° C à noite.
Diferença dia/noite: 10° C a 11° C (paphiopedilums complexos); 5° C a 6° C (paphiopedilums malhados e multiflorais).
Duração da floração: seis a dez semanas.
Período da floração: outono, inverno, às vezes primavera (novas variedades).
Periodicidade da floração: oito a doze meses.
Cores: branco, amarelo, rosa, púrpura, marrom, verde.
O melhor lugar em sua casa: uma janela ou outra abertura que dê para o sul, o sudeste ou o leste com persiana.
Durante a floração
Acomodar
O paphiopedilum é uma das raras orquídeas que gostam da sombra. Coloque-a no peitoril de uma janela, de maneira que o fundo do vaso seja bem iluminado e os novos rebentos fiquem virados para o vidro.
Ponha o vaso sobre uma bandeia com bolinhas de argila de diâmetro grande que devem estar sempre úmidas.
Dica
Se a luminosidade for demasiadamente forte, a planta alertará você com uma coloração verde-oliva das folhas, que ficarão rapidamente amarelas.
Tutorar
Os paphiopedilums são vendidos apoiados em uma varinha. Guarde-a, já que ela coloca a flor em destaque e ajuda a haste floral a suportar seu peso. Quando o paphiopedilum florescer de novo em sua casa, antes que o primeiro botão abra, insira uma varinha o mais próximo possível da haste floral e a afixe em um ou dois lugares, um deles imediatamente abaixo do botão inferior.
Após a floração
Podar
Quando todas as flores da haste floral estiverem murchas, corte a haste próximo das folhas com uma tesoura de jardinagem. Não a corte muito perto de sua base para não danificar as folhas. A parte restante da haste secará, e depois basta puxá-la para cima para eliminá-la.
Para prevenir um eventual apodrecimento, tire as folhas amarelas ou marrons antes de regar. Para isso, corte-as em duas partes no sentido de seu comprimento. Tire cada metade, o mais próximo possível da base, para tirar a folha completamente, até a altura do substrato. Segure a planta com a outra mão para que não saia do vaso.
Regar
Mantenha o substrato sempre úmido (verifique-o inserindo o dedo por 1 cm a 2 cm), em regas regulares - no caso dos paphiopedilums complexos, de preferência de manhã - para que fiquem bem drenados à noite. Você pode usar água com um pouco de calcário.
Não molhe as flores nem os novos rebentos e o verso das folhas. Os paphiopedilums são muito sensíveis ao apodrecimento.
Adubar
Opte por um adubo foliar líquido cuidadosamente dosado: divida a dose recomendada em duas, uma vez a cada quinze dias. Pare de adubar quando as novas folhas tiverem um tamanho semelhante às antigas, até o aparecimento da haste floral no centro das folhas. Você pode também usar um adubo solúvel em água e assim reduzir as doses pela metade. Adicione-o à água uma vez a cada três regas
Dica
Se você quiser fazer os paphiopedilums complexos florirem, é indispensável cultivá-los ao ar livre de dezembro a março. Os paphiopedilums malhados ou multiflorais não precisam desse frescor noturno para se desenvolver, mas também podem ser acomodados ao ar livre, na sombra, durante o verão.
Replantar
Todos os anos, fora dos períodos de floração e do inverno, quando novos rebentos aparecerem (e estiverem em pleno crescimento), tire o paphiopedilum do vaso. Elimine cautelosamente o substrato entre as raízes.
Examine cuidadosamente as raízes e corte com uma tesoura de jardinagem aquelas que estiverem apodrecidas ou machucadas.
Aqui, a desinfecção das lâminas é especialmente importante, já que o paphiopedilum é sensível ao apodrecimento.
No fundo do vaso, adicione um punhado de seixos de calcário (de cor branca). Encha o vaso com o substrato recomendado até 2 cm a 3 cm abaixo da borda. Coloque o paphiopedilum com o lado oposto do novo rebento próximo à parede do vaso, distribuindo bem as raízes.
Prepare uma mistura de bolinhas de argila (10%) de granulometria média, de esfagno (30%) e de casca de pinheiro (60%), também de granulometria média. Lembre-se de umidificar bem o substrato antes de replantar.
Complete o vaso com a mistura, socando-a com uma varinha inserida perto da parede do vaso.
Limite-se a borrifar a superfície do vaso diariamente até o nascimento de novas raízes (três a quatro semanas depois da troca do vaso). Também recomeçará o crescimento do novo rebento.
Multilicar o paphiopedilum
Antes que um novo rebento se desenvolva, ele fica geralmente nas reservas da touceira de folhas precedentes que depois desaparecem. As variedades mais vigorosas (paphiopedilums complexos e malhados) produzem até dois novos rebentos por vez, que surgem durante ou após a floração. Geralmente, as folhas mais antigas não desaparecem antes da floração seguinte. Também nesse momento é possível dividir um paphiopedilum.
Plantas volumosas podem ser separadas cautelosamente em duas partes, com a mão, durante a troca do vaso. Cada parte deve conter uma ou duas (melhor duas!) touceiras de folhas antigas e um novo rebento.
Plante as partes no mesmo substrato e borrife a superfície até o nascimento de novas raízes.
Fonte: Le Page, Rosenn
ABC das Orquídeas
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2016